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BASQUETE - Editorial

TODAS AS CESTAS

05/04/2014 13:32 h

         

SEMPRE TEREMOS CASABLANCA
 
Ando pelas ruas de Jundiaí e vejo rostos que me recordam a infância e adolescência.
 
Relembro-me do primeiro aro que ganhei, presente do Irineu, companheiro de time de meu pai, quando jogavam no CA Ipiranga e eram treinados pelo Nigro.
 
Irineu também me deu uma camiseta da seleção brasileira universitária, a qual defendeu nas Universíades de Cuba (anos sessenta).
 
Meu pai fez construir uma tabela de madeira oficial e assim nasceu a minha primeira cesta.
 
Ficava lá no quintal horas a fio jogando “vinte e um parado” com meus vizinhos, sozinho, com meus pais (sim, minha mãe também me treinou)...
 
Era um sobrado e o quintal ficava lá embaixo. Tinha uma escada e cada degrau era uma posição do jogo também chamado de “reloginho”.
 
Não tinha time da minha idade em Jundiaí. Eu tinha que treinar com os mais velhos e eles me faziam o que hoje chamamos de bullying. Não me deixavam pegar na bola, não me passavam a bola, enfim não me queriam lá.
 
Era pequeno diante deles. Para mim pareciam uns grandalhões imensos. Não desisti porque tinha o vinte e um parado em casa, no qual, de tanto arremessar, eu acabei ficando bom mesmo naquilo.
 
Não errava uma. Subia e descia os degraus da escada acertando todas, quase sem erro. Fazia joguinhos mentais: um degrau, arremesso de tabela, o outro direto, sem tabela...
 
Depois cresci e eles, os que me maltratavam ficaram pra trás. Não dava nem para tirar uma casquinha deles, coitados.
 
Toda vez que tenho uma dificuldade, um obstáculo aparentemente intransponível penso neles e na cesta da minha casa.
 
É um grande estímulo.
 
 
OUTRO NÍVEL
 
Longe de ser chato, quero apenas mostrar a vocês uma comparação entre dois jogadores da NBA sem me utilizar de seus números.
 
Obviamente numa comparação entre jogadores da NBA um deles tem que ser LeBron James (daqui pra frente chamado apenas de LBJ) e o outro, bola da vez de hoje será Joakim Noah (que pode ser Joakim, Noah ou o francês).
 
 Um jornalista, que cobre os Bulls, anos atrás declarou que se Joakim virasse jogador da NBA  ele (jornalista) comeria o jornal em que estava publicando um editorial depreciativo sobre o francês.
 
Muito bem, se vocês entrarem no You Tube irão ver o cara engolindo o artigo, pois Noah, a cada ano que passa, torna-se mais produtivo para sua equipe.
 
Ele me recorda muito o pivô italiano Dino Meneghin: ruim de arremesso, excelente defensor, ótimo reboteiro e um armador de primeira, um coração maior ainda.
 
Opa, Marcel! Armador¿ Sim, amigos, o playmaker era o Mike D’Antoni, mas no time de Milão, quem armava o jogo era o Dino, ou seja, meu amigo Mike levava a bola, mas o ataque só era definido depois que o Meneghin pegava a mesma.
 
Pois bem, o time de Chicago foi construído para ser a claque de Derrick Rose, mas devido às constantes contusões deste, a equipe ficou de “pé quebrado” e todas as jogadas passam agora pelo francês, que também dirige a defesa.
 
Não sei se vocês concordam comigo, mas Joakim é uma mistura de Dirk Nowitzki com Denis Rodman.
 
Forcei? Será? O cara na defesa é dez e no ataque desequilibra qualquer sistema ofensivo quando sai pra fora do garrafão e “arma”. Tem o melhor de cada um deles, além de ser carismático no ponto certo (nem o personagem Rodman, muito menos o “cara de cinema” Dirk)
 
Quanto a LBJ, citei-o apenas como um chamariz (quá, quá). O cara joga só quando quer. O que eu vou falar dele?
 
Sei lá. Deixa ele pra lá.
 
 
WISE ONE
 
Li a entrevista do excelente técnico de Brasília, Sérgio Hernandez, no blog Bala na Cesta.
 
 
Na matéria, o nosso querido Sérjão é sabatinado pelo Bala, que como sempre vai fundo e coloca qualquer um em dificuldades.
 
Ninguém está discutindo a reconhecida capacidade desse treinador, mas Sérjão tem sempre uma colocação que nos deixa pensativos e tendo a certeza que o pessoal da Argentina vê o nosso jogo do jeito deles, quando deveriam ver o jogo deles aplicado na nossa ótica.
 
Na matéria, quando pressionado pelos números de Brasília (o Bala é bom de números), ele tenta sair por cima e dá uma resposta técnica que não convence a ninguém (basicamente é uma tática que ele usa muito).
 
Depois, quando compara as Ligas argentina e brasileira, diz que estamos iguais (político, não se esquece que as notícias voam, vide a foto dele confraternizando-se com amigos no final de semana do jogo das estrelas e qualquer vantagem que ele dê ao Brasil, vai pegar mal entre seus pares argentinos).
 
Bem, eu digo que nada mudou em Brasília com a entrada de Sérjão: o time continua ganhando, é como sempre um dos favoritos ao título do NBB e seus melhores jogadores continuam jogando com a mesma determinação e técnica que jogaram nas últimas temporadas.
 
Vou além e noto que o Flamengo do brasileiro Neto e principalmente o Paulistano do brasileiro Gustavo apresentaram um jogo muito mais eficaz que o de Sérjão e não é a toa que estão acima de Brasília na tabela.
 
Quero dizer que, mesmo que Brasília vença (continue vencendo), isso não é por obra e graça do bom Sérjão, mas sim porque o seu time é ótimo (sempre foi).
 
Por outro lado o basquete brasileiro, no que se refere a clubes e Ligas, está atualmente dando nó nos argentinos.
 
Foi-se o tempo em que um time argentino ditava as regras técnicas no continente.
 
Aliás, eles levaram quase vinte anos para nos ultrapassar e nós, nos campeonatos de clubes, já estamos na frente deles novamente (foi só nos organizarmos em uma liga).
 
Nem vou discutir a capacidade de nossos técnicos (muitos deles preteridos pela preferência equivocada dada à “via argentina”), mas em matéria de clubes os treinadores brasileiros estão nadando de braçada no NBB.
Força, Sérjão! Aprende com os meninos aí em Brasília.
 
 
TIME OUT
Muitos treinadores inciantes acreditam na máxima “romariana” que diz que treino é treino e jogo é jogo.
Pensam que o treino é apenas para o preparo atlético, os fundamentos e o conhecimento técnico de jogadas e táticas.
 
Deixam a dureza para o jogo onde têm a certeza de que a “raça”, a vontade de vencer e a própria natureza competitiva dos jogadores os impulsionarão a um nível técnico mais apurado (é só dar uma prensa na hora certa...).
 
Essa teoria faz água porque já foi cientificamente comprovado que o que chamamos de raça, determinação, superação e outros substantivos abstratos nada mais são do que a “capacidade volitiva” e essa é treinável.
Portanto, um dos princípios do jogo (o mais importante) diz que “Treino é jogo e jogo é treino”.
Para treinarmos a capacidade volitiva de nossos atletas devemos fazer de cada treino um jogo. Não quero dizer que temos que ligar o placar e fazer “vai a dez”, mas sim aumentar a intensidade dos nossos drills para um patamar semelhante ao do jogo.
 
Aí sim, a expectativa do próprio jogo, da vitória, da competição irá fazer com que atuemos com um nível de intensidade muito maior e a capacidade volitiva estará tão treinada, que será incorporada automaticamente ao nosso jogo.
 
Obrigado e até o próximo TAC.

Marcel de Souza
marcel@databasket.com
Administração

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