SONHOS
Hoje falei para meninos de até 12 anos, que se iniciam no basquete aqui no Clube Jundiaiense.
Ali os encontrei, pois o vestiário do ginásio é o local mais perto para eu me trocar vindo do trabalho e indo para a academia do clube.
O professor me viu e pediu para que eu falasse algumas palavras aos pequenos atletas.
Tinha desde pirralhinhos de 1,20m (um deles se autodenominava gafanhoto) até molecões crescidos, quase do meu tamanho.
Interrompi um exercício de “v cut”, fui apresentado pelo professor e lhes falei sobre sonhos, sacrifícios para conseguí-los e principalmente sobre estudos.
Todos tinham como sonho jogar na NBA (não poderia ser diferente) e expliquei-lhes que poucos conseguem tal sonho e que, de qualquer maneira é preciso muito sacrifício e treinamento para ao menos terem uma chance.
Disse-lhes ser importantíssimo estudar e ter uma profissão, pois muitos deles não chegariam a alçar vôos mais altos, mesmo com todo treinamento e dedicação.
Por fim, contei-lhes um pouco sobre minha história e pedi para que me procurassem no youtube, google e wikipedia.
Espero que não assistam ao “Funk do Basketero”.
PINHEIROS X BAURU
Compareci à partida da última terça-feira (11-08) no ginásio do Pinheiros, onde pude reencontrar o Prof. Dr. Alexandre Moreira, bam-bam-bam do treinamento e do basquete da EEFUSP, que retornou de temporada de 8 meses na Austrália, onde pôde conhecer “o que que a baiana tem” do outro lado do planeta.
O Prof. Dr., estava muito impressionado com a importância dada ao treinamento de equipes como o futebol australiano, o rugby e o basquete de lá, tudo baseado nas coletas de dados (levada aos mais ínfimos detalhes) praticadas naquele país.
Acompanhavam comigo a partida os professores Julio Malfi e Roney de Oliveira e ainda Carlos Fischer, que é o pai dos bauruenses Ricardo e do Fernando.
Além do grande jogo que presenciamos, pudemos trocar informações importantes sobre o nosso esporte dentro de um cenário internacional.
Tive o prazer de trabalhar com os três e aprendi muito com eles.
Dessa vez não foi diferente.
ESPAÇO LARANJAS X BANANAS
Pois é, desta vez não tenho nada a criticar sobre o nosso valoroso treinador da seleção brasileira, R. Magnano.
Desde o último TAC, R. Magnano não se manifestou publicamente e portanto, não me resta que elogiá-lo, já que o considero um treinador do mais alto nível, capaz e vitorioso, que conseguiu fazer o que necessitávamos para começar a volta ao nosso lugar no cenário mundial do basquete, lugar do qual nunca deveríamos ter saído.
Acho que um parágrafo de elogios é o máximo que posso escrever sobre R., sem ter a vontade de adicionar críticas e ironias entre parênteses, mas não é o caso desta vez.
O meu problema com R. Magnano é filosófico porque interpreto o jogo de maneira diferente (laranjas x bananas) que ele e principalmente não compactuo com algumas de suas idéias sobre como conduzir a nossa seleção (a maneira de jogar e o modo com que trata nossos melhores jogadores).
Daí a colocar em cheque o seu conhecimento do jogo, vai uma grande diferença.
Portanto, quanto ele fala sobre como vê a nossa seleção, me sobe um quente e eu realmente tenho que falar o que penso, pois não quero somatizar emoções.
De qualquer maneira reafirmo aqui a capacidade técnica de R. Magnano como treinador de qualquer seleção nacional em qualquer país do mundo.
Hoje R. Magnano saiu no lucro.
TIMEOUT
Como sempre, esse final do TAC é dedicado aos técnicos que se iniciam no nosso esporte, mas pode servir a qualquer treinador de qualquer esporte coletivo.
Tenho acompanhado várias partidas do NBB e percebo que a fase de transição “sumiu” do repertório das nossas equipes.
Hoje identificamos apenas duas fases de jogo quando falamos dos sistemas ofensivos praticados por várias equipes do maior campeonato brasileiro: o contra-ataque ou o jogo armado.
Acredito que todos tenham treinado a fase de transição, mas essa muitas vezes é perdida numa corrida sem fim, com o aumento exponencial dos erros.
Quando falamos de transição devemos passar aos nossos jogadores dois conceitos muito parecidos, mas completamente diferentes no seu resultado final, que são as definições de “bola roubada” e “bola recuperada”.
É muito fácil entender a “bola roubada”, pois ela acontece quando algum jogador antecipa os movimentos ofensivos e intercepta a linha de passe, “roubando” a bola.
Tal ação invariavelmente termina em contra-ataque com grande potencial de sucesso.
Também é fácil entender quando um jogador pega um rebote defensivo originado de um arremesso “não forçado”, que é modelo mais característico da “bola recuperada” e parte para uma situação de jogo aberto com as movimentações que caracterizam a transição.
Esses dois parágrafos anteriores inferem as seguintes definições: “bola roubada” gera um contra-ataque. “Bola recuperada” origina uma transição.
Seria muito fácil jogar se as coisas fossem assim, mas o basquete é um dos esportes mais evoluídos devido à interpretação que damos (a todo tempo, a todo passe, a todo arremesso, à toda movimentação) ao jogo.
Um passe errado, por exemplo, pode ser uma bola roubada ou uma bola recuperada, dependendo do equilíbrio ofensivo da equipe que errou esse passe.
A imediata interpretação dessa ação por parte dos defensores gerará um contra-ataque ou uma transição.
Quando fazemos uma interpretação equivocada e tomamos uma bola recuperada por roubada (a defesa está equilibrada, lembrem-se) tentando fazer um contra-ataque ao invés de uma transição, o resultado desse equívoco é muito ruim.
O mesmo acontece com um arremesso errado, com o ataque equilibrado, pois esse não abre a defesa ao contra-ataque adversário e se esse sai correndo seguramente aumenta a porcentagem de erros.
A situação nesse caso também pede uma transição, a qual teria muito mais possibilidade de sucesso.
Ensinar os jogadores a diferenciar (no momento do lance) o que é uma bola recuperada ou uma bola roubada é o segredo da transição e do contra-ataque eficaz e eficiente.
Por hoje é só. Obrigado e até o próximo TAC.