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BASQUETE - Ponto de vista

Lesões do Ligamento Cruzado Anterior do joelho

12/10/2017 23:26 h

         

por Dr. Carlos Vicente Andreoli (*)

O basquete, nos últimos anos, se tornou mais veloz, intenso e cada vez mais físico. O aumento da sobrecarga da atividade física ocasionou um aumento no número de lesões e, em especial, as lesões localizadas nos joelhos, segundo a literatura ortopédica. ‘Starkey et al’, demonstraram, por meio de um estudo com atletas da NBA (liga profissional norte-americana) por 10 anos, que o joelho é o segmento anatômico que responde pelo segundo lugar no número total de lesões (perdendo apenas para os tornozelos) e o principal responsável pelo afastamento dos atletas de treinos ou partidas.

As lesões do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) são extremamente frequentes na população desportista e acomete principalmente esportes que envolvam contato, desacelerações, mudanças de direção, saltos e aterrissagens. O basquete atende a todos esses quesitos e é um dos maiores responsáveis pela lesão do LCA em nosso país, perdendo apenas para o futebol. Estima-se que ocorram mais de 50 mil lesões de LCA por ano no mundo. Em nosso banco de dados, incluindo as seleções brasileiras, de base e adulta, masculina e feminina, cerca de 10% dos atletas da seleção masculina e 18% da feminina, já sofreram esta lesão.

O Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é um ligamento denso, localizado no centro do joelho, que liga a superfície medial do côndilo femoral lateral, à porção ântero-medial da tíbia. Tem papel fundamental na estabilidade articular do joelho, tendo como função primária, estabilizar a articulação.

As lesões do LCA em geral são desencadeadas por um entorse do joelho, de origem traumática (desencadeada por um choque com outro atleta) ou atraumática (atleta torce sozinho, sem que haja uma força externa desencadeante), o último ocorrendo nas fases de desaceleração e aterrissagem de um salto. Os entorse de origem atraumática são comuns principalmente no sexo feminino. No momento do entorse o joelho se encontra próximo da extensão e ocorre uma força em valgo, acompanhada de uma rotação externa da perna. O atleta sente um estalo e forte dor imediata, acompanhada de grande edema no joelho e incapacidade até de pisar com o membro acometido. O diagnóstico é feito pela combinação da história do trauma, exame clínico demonstrando instabilidade articular e exames complementares (Ressonância Magnética).

Muitas pesquisas sobre os fatores que levariam o atleta a desenvolver tal lesão tem sido publicadas. Além dos fatores extrínsecos como o tipo de esporte, tipo de quadra, calçado, foram identificados fatores intrínsecos que tornam o indivíduo mais suscetível a uma lesão do LCA. Sabe-se que as mulheres, quando expostas a mesma frequência de treinamentos e jogos, tem uma chance quatro a oito vezes maior de sofrerem uma ruptura de LCA que os homens. Essa maior predisposição é atribuída a um conjunto de alterações anatômicas, hormonais e biomecânicas, características do sexo feminino. Sabe-se também que as mulheres tendem a sofrer a lesão em uma idade mais precoce que os homens.

Com a identificação dos possíveis atletas em risco, grandes esforços vêm sendo feitos para prevenir a lesão. Atualmente, uma série de estudos provou que o treinamento preventivo, constituído de exercícios de flexibilidade, fortalecimento, pliométricos e de propriocepção, são capazes de diminuir em até 70% a chance de ocorrer uma lesão. Esse parece ser o novo caminho a ser seguido dentro da Medicina Esportiva.

O tratamento da lesão completa do LCA é de indicação cirúrgica, sendo realizado por meio da implementação de um tecido que substitui o ligamento rompido. Os tecidos mais utilizados para substituição são o 1/3 central do tendão patelar e os tendões flexores da pata de ganso (Semitendíneo e Grácil).

As lesões do cruzado anterior são consideradas lesões graves que trazem grandes repercussões físicas, mentais e financeiras para o atleta acometido. Basta dizer, que o atleta tem de passar por um tratamento cirúrgico, com reabilitação obrigatória e fundamental por cinco a oito meses e o retorno as competições seis a oito meses.

(*) Dr. Carlos Vicente Andreoli é diretor Médico da Confederação Brasileira de Basketball (CBB), chefe da Disciplina de Medicina Esportiva da UNIFESP e Diretor do Instituto do Atleta

Informações complementares: http://www.doutorandreoli.com.br/ ou (11) 3887-5123

Carlos Vicente Andreoli
andreolicruz@uol.com.br

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